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Dr. Diego Mânica - Ortopedista

jun. 03,2022

Quando a cirurgia da coluna é necessária

A dor nas costas e problemas na coluna são queixas frequentes que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Em algumas situações, a cirurgia da coluna pode ser considerada uma opção recomendada ou necessária, especialmente em casos onde os tratamentos conservadores não apresentam o resultado esperado.

Este artigo apresenta informações gerais sobre as condições em que a cirurgia da coluna pode ser considerada, mas cada caso é único e deve ser avaliado por um especialista.

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1. Tratamentos conservadores: a primeira opção

Antes de considerar qualquer tipo de cirurgia, os médicos geralmente tentam todas as alternativas menos invasivas. Esses tratamentos conservadores incluem:

- Fisioterapia: Exercícios para fortalecer a musculatura da coluna e corrigir a postura.

- Medicações: Analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares para aliviar a dor e o desconforto.

- Infiltrações: Injeções de corticosteroides na coluna para reduzir a inflamação e aliviar a dor.

- Mudanças nos hábitos posturais: Adaptação de posturas corretas para reduzir o estresse na coluna.

Essas abordagens são eficazes para muitos pacientes, aliviando a dor e ajudando a recuperar a funcionalidade. No entanto, quando esses tratamentos falham, a cirurgia pode se tornar a melhor solução. A decisão pela cirurgia da coluna não é tomada de forma leve; é uma opção considerada apenas quando realmente necessária.

2. Quando a cirurgia da coluna é considerada necessária?

A cirurgia da coluna é geralmente indicada quando o paciente apresenta condições que não respondem aos tratamentos conservadores ou quando existem sinais claros de compressão nervosa, risco de agravamento ou perda de função. Abaixo, detalhamos as situações mais comuns em que a cirurgia se torna uma necessidade:

2.1. Compressão nervosa grave

A compressão de nervos na coluna pode causar dor intensa, além de sintomas neurológicos como fraqueza, formigamento ou perda de sensibilidade em certas partes do corpo. Em casos graves, pode até comprometer a mobilidade. Um dos quadros mais conhecidos de compressão nervosa é a hérnia de disco, em que o disco intervertebral se desloca e pressiona os nervos ao redor.

Quando a compressão nervosa é severa e não melhora com tratamentos menos invasivos, a cirurgia da coluna pode ser indicada para aliviar a pressão no nervo, reduzindo o risco de danos adicionais.. Em casos avançados, essa compressão pode levar a perda de força e de controle motor, o que torna a intervenção cirúrgica urgente.

2.2. Estenose espinhal

A estenose espinhal é uma condição em que o canal espinhal (onde passa a medula) se estreita, comprimindo a medula espinhal e os nervos. Isso é comum em pessoas mais velhas e pode ocorrer devido ao desgaste natural das articulações, ao crescimento de esporões ósseos ou a outras alterações degenerativas.

Essa compressão causa dor intensa e pode limitar significativamente a mobilidade. Nos casos em que a estenose causa sintomas graves, como dificuldade para caminhar, fraqueza nas pernas ou perda de controle sobre a bexiga e o intestino, a cirurgia da coluna é recomendada para descomprimir a área e restaurar a função.

2.3. Espondilolistese instável

A espondilolistese ocorre quando uma vértebra se desloca sobre a outra, causando instabilidade na coluna. Em casos leves, a condição pode ser manejada com tratamentos conservadores. No entanto, quando há um deslocamento significativo ou a condição gera instabilidade e dor persistente, a cirurgia se torna necessária.

O objetivo da cirurgia, nesses casos, é estabilizar a coluna e realinhar as vértebras. Um dos procedimentos mais comuns é a fusão espinhal, em que as vértebras são fixadas para impedir o movimento entre elas e, assim, eliminar a dor causada pela instabilidade.

2.4. Síndrome da cauda equina

A síndrome da cauda equina é uma condição rara e grave, em que ocorre uma compressão intensa dos nervos na região final da medula espinhal, na coluna lombar. Essa condição é uma emergência médica, pois pode causar perda do controle sobre a bexiga e o intestino, além de fraqueza nas pernas.

Nesse caso, a cirurgia precisa ser realizada rapidamente para aliviar a pressão nos nervos e evitar danos permanentes. O atraso no tratamento da síndrome da cauda equina pode resultar em sequelas irreversíveis, como incontinência e paralisia.

2.5. Escoliose grave ou progressiva

A escoliose é uma curvatura anormal da coluna vertebral, que pode progredir ao longo do tempo. Em muitos casos, especialmente em jovens, a escoliose leve é acompanhada sem necessidade de intervenção cirúrgica. No entanto, em casos de escoliose grave ou progressiva, que causa deformidade acentuada e compromete a função respiratória ou outras funções do corpo, a cirurgia é indicada.

A cirurgia para escoliose visa corrigir a curvatura da coluna e evitar o agravamento da deformidade, permitindo ao paciente uma vida mais funcional e com menos dor.

2.6. Fraturas e traumas

Segundo a Medline Plus, a maior biblioteca médica do mundo, fraturas na coluna causadas por acidentes, quedas ou lesões podem causar instabilidade e compressão de nervos. Em casos de fraturas instáveis ou que ameaçam a integridade da medula espinhal, a cirurgia é necessária para estabilizar a coluna, realinhar as vértebras e proteger os nervos.

3. O processo de decisão: avaliação e orientação médica

A decisão de realizar uma cirurgia da coluna é feita com muito cuidado. O especialista, geralmente um ortopedista ou neurocirurgião, considera diversos fatores, incluindo:

- Intensidade da dor e impacto na qualidade de vida

- Resposta (ou falta de resposta) aos tratamentos conservadores

- Riscos de progressão do problema sem cirurgia

- Estado geral de saúde do paciente

É importante ressaltar que o paciente deve estar ciente dos benefícios e dos riscos da cirurgia. O médico irá explicar as expectativas realistas do procedimento, o tempo de recuperação e as possíveis complicações.

4. Tipos de cirurgia da coluna

Existem diferentes tipos de cirurgias de coluna, dependendo da condição do paciente e dos objetivos do tratamento. Entre os procedimentos mais comuns, estão:

- Discectomia: Remoção de parte de um disco intervertebral herniado.

- Laminectomia: Remoção de uma parte do osso para aliviar a pressão no nervo.

- Fusão espinhal: Fixação de vértebras para estabilizar a coluna.

- Vertebroplastia: Injeção de cimento ósseo para estabilizar fraturas vertebrais.

A cirurgia da coluna é uma decisão séria e é considerada após uma avaliação cuidadosa por especialistas, geralmente em casos onde os tratamentos conservadores não proporcionam o alívio esperado, ou quando há indícios de condições que podem impactar significativamente a qualidade de vida.

Caso a cirurgia seja uma opção recomendada, converse com o especialista para entender os potenciais benefícios e riscos envolvidos.

Este artigo tem caráter informativo e não substitui a consulta médica. Se você apresenta dores na coluna ou está em tratamento conservador, siga as orientações do seu médico e faça acompanhamentos regulares.


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